sábado, 10 de janeiro de 2009

Asas Indomáveis


Júlio Lourival de Carvalho Moreira, ex – funcionário há 18 anos na Viação Aérea Rio – Grandense (VARIG), meu pai. Desde os tempos de meninice, cresci vendo meu progenitor todos os dias ir ao Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) para trabalhar. Achava algo admirável. Todavia, hoje, com esta situação alarmante devido aos acidentes grotescos das companhias Gol (vôo 1907, Boeing 737) e TAM (vôo 3054, Air-Bus A-320) fizeram com que o caos tomasse conta do governo, das empresas e da população, deixando nada admirados. Mas qual a origem disto tudo?Enquanto tudo estava funcionando, não se revelava nenhuma fragilidade na aviação brasileira mas no momento que esta se descuidou, pronto, uma série de intermináveis problemas até então camuflados apareceram em progressão a cada acidente.Seria um tanto quanto imprudente mencionar o início de toda uma falha sistemática a partir de dois acidentes. E o Learjet que conduziu os Mamonas Assassinas à Serra da Cantareira? E o vôo da Tam 402 em 1996 que ocasionou 99 mortos mais uma vez em Congonhas?É claro que está tudo errado há bastante tempo, que controladores de vôo estão sofrendo pressão demasiadamente, que a infra-estrutura tecnológica dos aeroportos, e da própria Aeronáutica está defasada, que estes mesmos estão fora das normas de segurança com suas pistas cruzadas e próximos até de áreas residenciais e pela falta de vistoria contínua das companhias de linhas aéreas em prol de economia visando lucro, é claro.Obviamente, se o Air - Bus estivesse menos abastecido com combustível, o estrago seria menor. Mas como ele iria para Brasília e Manaus, fazer mais uma parada seria perda de tempo o que conseqüentemente creio eu, perda de vôo (R$) para a concorrência. Enquanto a Tam e a Gol disputam espaço em terminal nos aeroportos, a Varig mesmo que praticamente extinta, detém o monopólio inteiro e quem deveria reorganizar esta salada indigesta é a Infraero ( Infra Estrutura Aero Portuária), o que não faz.A regulação e fiscalização das atividades aeronáuticas compete a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e esta que está incumbida da supervisão das aeronaves. Contudo, o excesso sincero de confiança ocasiona a negligência por parte desta e quando a Infraero (responsável pela administração dos principais aeroportos do país) percebendo que o problema é da ANAC, não move uma palha para resolver o empecilho. Assim como aquela faz com esta. Nesse jogo de empurra-empurra é visível entender o porque desse descontrole na aviação.A Tam aprendeu a lição com esse apocalipse, a Gol também mas parece que o Governo Federal não. A postura até mesmo do presidente Lula de se pronunciar a população após três dias do fato, foi tão tardia quanto a reformulação no sistema aéreo. Para se ter uma noção, em 1996 quando ocorreu um acidente desse nível nos Eua, Bill Clinton (o presidente) no mesmo dia foi ao local para confortar os parentes das vítimas. É compreensível aceitar em toda essa conjuntura, um comercial de TV sobre uma companhia de linhas aéreas que mostra um passarinho viajando de ônibus para chegar até o seu amor. E eu que não sou bobo, vou junto com ele.


Por Pierre Curi

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